23 de fev. de 2007

O poder que sai da cabeça... (I)

Andei pensando (juuuuura...) sobre uma conversa que tive com um colega meu baterista sobre música.
Em dado ponto afirmei que o que me fazia tocar (mal, claro) não era ser ouvido ou uma platéia e sim a sensação de tocar uma música que, obviamente, eu gosto e conheço.
É uma sensação de poder. De ser próximo da criação. De ser grande mesmo sendo pequeno, de ser exemplar mesmo sendo falho.
Creio sinceramente, que não só com a música isso aconteça,mas sim com todo tipo de manifestação artística (apesar de eu não gostar de minimizar às artes, certo?!).
Eu até tentei fazer uma ou outra peça de teatro, amador evidentemente, mas não tenho talento ou este ainda não aflorou ao necessário.
Bom, meu desempenho como ator ou musico pouco importa. O que importa e muito é que assim como eu sinto o “it” quando toco, creio que quando alguém pinta uma tela ou dança uma melodia, escreve uma frase ou interpreta alguma personagem... bom, essa pessoa sente a mesma coisa. Ainda que de uma forma única em e para si, essa pessoa sente.
Daí é que entra o gatilho. O dispositivo que aciona toda essa máquina.
Sentimento.
Um bom livro, uma música marcante, uma peça que muda conceitos sociais, todos têm em si um sentimento. Independente da nobreza deste mas totalmente embasado em sua profundidade.
As músicas que marcam momentos da vida.
Os filmes que mudam a forma de pensar.
A dança que incita a querer aprender dançar.
A tela que guarda uma expressão por gerações e que ao ser vista sempre surpreende.
Esses e todos os outros exemplos possíveis têm algo em comum. Sentimento. Emoção.
Raiva, tédio, esperança, orgulho, alegria, honra, amor, desengano, fé...
Então algumas vezes nos pegamos discutindo uma obra ou outra, principalmente as extremas em subjetivismo como quadros, livros – se bem que todas são inexoravelmente subjetivas ainda que explícitas – e vem a doce, tola e renitente pergunta: “ O que o autor quis dizer?”.
Tomei raiva dessa pergunta. Ela é desrespeitosa e empobrece a criação e o criador.
Se um dia eu encontrar um artista que admire vou lhe perguntar outra coisa: Com que sentimento você fez aquilo?
Tenho por muito interessante quando se debate o que cada um dos receptores da informação que o artista enviou explana sobre como recebeu essa informação.
Isso sim é valoroso. Muito mais do que o quer dizer aquilo ou isto.
Evidente que certas ocasiões, momentos políticos e blá blá blá interferem e acabam criando um sentido de compor algo. Mas ainda assim o que mais pesa é o sentir. Incontestavelmente.



Leia: Qualquer obra de Mario Quintana.


Pergunta: Você sabe o que é emoção ?

... ao meu ponto de vista isto reflete bem o que acabei de escrever...
... leia a letra se puder... ou quiser.



“ Cada pessoa pensa como pode...”
Mario Quintana