Das coisas que eu não queria que você soubesse
Que não importa quase nada
E que quase ninguém se importa
Que todos nós somos pouco
Mesmo aqueles que valem muito
Que pouco importa o que pensamos
Gostaria que tu não soubesses
Que poucos sonham e ainda
Menos realizam suas proezas
Que as mazelas são cargas constantes
E que os ombros costumam fraquejar
Eu sei que é óbvio mas te quero longe
Por mais perto que possa estar de todos
Que sei muito menos do que parece
Que muito mais do que parece se sucede
Que por força muita letra emudece
E muitas penas secam por acefalia
Que afasia é praga incontrolável
Por mais tenazes que pareçam nossas preces
Que quem crê também hesita
E os que muito negam não procuram conhecer
Que as eras se repetem monotonamente
E velhas questões permanecem joviais
Que quem pensa muito duvida
E quem não lê sempre tem razão
Que palavras valem pouco
Todavia ferem com extrema destreza
Que ações revelam idéias
Mas estas rareiam progressivamente
Que o capital baseia as ações
E as capitais aglutinam gado novo
Anseio que não saibas
Quão complexo é o ser humano
E que o homem erra inexoravelmente
Que poucas vezes se arrepende
E raramente resta por converter-se
Ainda que seja a mesma pedra no mesmo caminho
Que de quase tudo que se vê
Quase nada nos é revelado
E o que se explicita diariamente
Acabamos por ignorar categoricamente
Por mais salutar ou salobro
Que venha a se tingir a percepção
Que o homem é uma ilha
Que o estado é um monstro
E que tu nada controlas
Que a imposição é tradicional
Que tu operas para o sistema
E este para si mesmo também
Que as academias caducam
Bem como as estações do ano
Que a moda é pouco pano
Assessorada de pouca substância
Como te disse, há pouca importância
E o que breve há de prosperar
Que letra todos entendem
Mas o texto poucos conhecem
E nessa dança não há coreografia
Que reações estão há tempo em falta
E de longa data se trata
Por calibre qualquer geografia
Que raros se dedicam à história
Ignorando que todos têm uma
Que poucos se valem da história
E muitos perdem assim as suas
Que toda história é paga
E as sagas tornam-se nulas
Que a tecnologia é mero meio
E não finalidade apesar da volúpia
Que todo o dinheiro não paga o sagaz
E que saber é mais que possuir
Que a ilusão era o benefício inicial
E que hoje é vício calcinante
Que parecemos com vírus
Aquém da perfeição subjetivada
E que mesmo assim caminhamos
Sob um campo florido e minado
Rumo a uma evolução involutiva
Que certamente será circular
Que o sentimento é imprevisível
E nisso há uma doce perfeição
Que muito mais há caos que ordem
Ainda que haja ordem no caos
E imprevistos sabiamente ordenados
Todavia tudo é multiforme
Que para ajoelhar-se antecede-se ousadia
Que na resistência deve-se saber medir
E na vanguarda ainda resiste a incompreensão
Que o óbvio aqui não me parece tanto por lá
E que razão bem pouco em tudo de tudo há
Ainda que não se saiba ao certo quem tem razão
Que apesar de tudo isto
Não se varia quase nada
E de nada muita gente se enche
Por isso nunca param de se encher
E quanto mais se mostram, vêem-se vazios
Que o coração funciona em sim e não
E neste não é que entra o sangue
Que infelizmente existem outras bombas
Que também se perpetuam pelo sim e pelo não
E que se numa se cultua a plenitude da vida
Em outras só há a busca de seu fim
Seria fascinante que não soubesse
Que temos o direito de duvidar
Por mais ignóbeis que sejamos
Que este duvidar nos faz crescer
A despeito de quantos se valem disso
Já que não necessariamente pensamos
Que o tempo nunca se detém
Menosprezando a todos e a tudo
Porque não pensa em si mesmo
Que o homem pensante nem sempre diz amém
E o que não é, convalesce sendo mudo
Se bem que quase tudo acaba a esmo
Que o que aqui foi dito não irá soar por muito
Que se hoje no corpo há calor brando
Logo ali a frente ira cobrir-se de gelo duradouro
Que se foi lido hoje, tende a amanhã ser esquecido
Que todo ser guarda o fardo de perecer
E muitos felizes infelizes o de não entender.
Que não importa quase nada
E que quase ninguém se importa
Que todos nós somos pouco
Mesmo aqueles que valem muito
Que pouco importa o que pensamos
Gostaria que tu não soubesses
Que poucos sonham e ainda
Menos realizam suas proezas
Que as mazelas são cargas constantes
E que os ombros costumam fraquejar
Eu sei que é óbvio mas te quero longe
Por mais perto que possa estar de todos
Que sei muito menos do que parece
Que muito mais do que parece se sucede
Que por força muita letra emudece
E muitas penas secam por acefalia
Que afasia é praga incontrolável
Por mais tenazes que pareçam nossas preces
Que quem crê também hesita
E os que muito negam não procuram conhecer
Que as eras se repetem monotonamente
E velhas questões permanecem joviais
Que quem pensa muito duvida
E quem não lê sempre tem razão
Que palavras valem pouco
Todavia ferem com extrema destreza
Que ações revelam idéias
Mas estas rareiam progressivamente
Que o capital baseia as ações
E as capitais aglutinam gado novo
Anseio que não saibas
Quão complexo é o ser humano
E que o homem erra inexoravelmente
Que poucas vezes se arrepende
E raramente resta por converter-se
Ainda que seja a mesma pedra no mesmo caminho
Que de quase tudo que se vê
Quase nada nos é revelado
E o que se explicita diariamente
Acabamos por ignorar categoricamente
Por mais salutar ou salobro
Que venha a se tingir a percepção
Que o homem é uma ilha
Que o estado é um monstro
E que tu nada controlas
Que a imposição é tradicional
Que tu operas para o sistema
E este para si mesmo também
Que as academias caducam
Bem como as estações do ano
Que a moda é pouco pano
Assessorada de pouca substância
Como te disse, há pouca importância
E o que breve há de prosperar
Que letra todos entendem
Mas o texto poucos conhecem
E nessa dança não há coreografia
Que reações estão há tempo em falta
E de longa data se trata
Por calibre qualquer geografia
Que raros se dedicam à história
Ignorando que todos têm uma
Que poucos se valem da história
E muitos perdem assim as suas
Que toda história é paga
E as sagas tornam-se nulas
Que a tecnologia é mero meio
E não finalidade apesar da volúpia
Que todo o dinheiro não paga o sagaz
E que saber é mais que possuir
Que a ilusão era o benefício inicial
E que hoje é vício calcinante
Que parecemos com vírus
Aquém da perfeição subjetivada
E que mesmo assim caminhamos
Sob um campo florido e minado
Rumo a uma evolução involutiva
Que certamente será circular
Que o sentimento é imprevisível
E nisso há uma doce perfeição
Que muito mais há caos que ordem
Ainda que haja ordem no caos
E imprevistos sabiamente ordenados
Todavia tudo é multiforme
Que para ajoelhar-se antecede-se ousadia
Que na resistência deve-se saber medir
E na vanguarda ainda resiste a incompreensão
Que o óbvio aqui não me parece tanto por lá
E que razão bem pouco em tudo de tudo há
Ainda que não se saiba ao certo quem tem razão
Que apesar de tudo isto
Não se varia quase nada
E de nada muita gente se enche
Por isso nunca param de se encher
E quanto mais se mostram, vêem-se vazios
Que o coração funciona em sim e não
E neste não é que entra o sangue
Que infelizmente existem outras bombas
Que também se perpetuam pelo sim e pelo não
E que se numa se cultua a plenitude da vida
Em outras só há a busca de seu fim
Seria fascinante que não soubesse
Que temos o direito de duvidar
Por mais ignóbeis que sejamos
Que este duvidar nos faz crescer
A despeito de quantos se valem disso
Já que não necessariamente pensamos
Que o tempo nunca se detém
Menosprezando a todos e a tudo
Porque não pensa em si mesmo
Que o homem pensante nem sempre diz amém
E o que não é, convalesce sendo mudo
Se bem que quase tudo acaba a esmo
Que o que aqui foi dito não irá soar por muito
Que se hoje no corpo há calor brando
Logo ali a frente ira cobrir-se de gelo duradouro
Que se foi lido hoje, tende a amanhã ser esquecido
Que todo ser guarda o fardo de perecer
E muitos felizes infelizes o de não entender.
"A esperança é uma menina que corre de seus estupradores"
R. C. Santos